Alunos brasileiros estão entre os piores em matemática, mas país progride na qualidade do ensino da matéria
Publicada em 04/12/2007 às 14h58m
O Globo Online, com agências internacionaisRIO - Os alunos brasileiros estão entre os piores em conhecimentos de matemática e capacidade de leitura, segundo o relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa 2006) elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). De acordo com a pesquisa, que analisou as habilidades de 400 mil alunos na faixa dos 15 anos em 57 países em 2006, o Brasil foi o quarto pior no ranking de matemática, e o pior entre os países sul-americanos, mas também obteve o quarto maior progresso se comparado a 2003. Os alunos brasileiros marcaram 370 pontos em matemática, 13 a mais do que em 2003, quando foi feita a última sondagem. Superado neste quesito apenas por Indonésia, México e Grécia, o país, no entanto, não obteve resultados expressivos nas demais categorias do estudo, que analisa conhecimentos científicos, lingüísticos e matemáticos.
Segundo o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) - órgão responsável pela coordenação do Pisa no Brasil -, Reynaldo Fernandes, apesar de ter o pior resultado em conhecimentos de matemática, foi na matéria que os estudantes brasileiros mais melhoraram desde o último estudo, realizado em 2003.
- Apesar de ser o pior, foi o que mais conseguimos evoluir - disse Fernandes.
Na avaliação das capacidades científicas, o Brasil obteve 390 pontos , à frente apenas da Colômbia (388) - entre os países sul-americanos que participaram do Pisa -, e da Tunísia, Azerbaijão, Catar e Quirguistão. O melhor sul-americano é o Chile, com 438 pontos, seguido por Uruguai (428) e Argentina (391). A líder geral é a Finlândia, que obteve 563 pontos, muito à frente de Hong Kong (542), segundo colocado, seguido por Canadá (534), Taiwan (532), Estônia e Japão (531). A qualificação média entre os países da OCDE foi de 500 pontos. Abaixo dessa pontuação aparecem países como Estados Unidos (489), Espanha (488), Noruega (487), Itália (475), Turquia (424) e México (410).
Especialistas avaliam que a má formação dos professores seja uma das principais causas do fraco desempenho dos estudantes brasileiros . Um estudo do Ministério da Educação (MEC) revela que sete em cada dez professores de ciências das escolas no Brasil não têm formação específica para lecionar a disciplina. A maioria fez faculdade em outra área e alguns não têm sequer diploma universitário. O problema se agrava entre os professores de física: 90% e 86% deles, respectivamente, não concluíram o curso apropriado. A pesquisa foi feita com base em dados de 2003 para turmas de 5ª a 8ª série do ensino fundamental (ou 6º ao 9º ano, onde o ensino fundamental dura nove anos).
A prova de conhecimentos científicos englobou questões referentes a cultivos transgênicos, telas solares, roupas "inteligentes", questões de geologia, história das vacinas, exercícios físicos, chuva ácida e efeito estufa.
Brasil também entre os piores no ranking de capacidades de leituraNa avaliação das capacidades de leitura, o Brasil obteve 393 pontos, ficando entre os oitos piores. O país aparece à frente de Colômbia (385) e Argentina (374). No entanto, é superado por Chile (442) e Uruguai (413), entre os sul-americanos. A Coréia do Sul lidera a avaliação, com 556 pontos. A Finlândia vem logo atrás, com 547, seguida por Hong Kong (536), Canadá (527), Nova Zelândia (521), Irlanda e Austrália (517). Abaixo da média da OCDE, de 492 pontos, estão, entre outros, Itália (469), Espanha (461), Turquia (447) e México (410).
Dos 57 países avaliados, trinta fazem parte da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Outro estudo, desta vez da Unesco e que foi divulgado na sexta-feira, considera que, com 15 milhões de analfabetos (40% dos 38 milhões de pessoas que não sabem ler na América Latina, o Brasil está longe de cumprir as metas de educação estabelcidas pela entidade .
Por outro lado, a USP conseguiu figurar no ranking elaborado pelo Conselho de Taiwan para Avaliação e Acreditação de Ensino Superior . Na lista, que considera 500 instituições, a universidade federal paulista ocupa a 94ª posição. A pesquisa avalia a performance da produção científica em universidades do mundo todo.
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